Na reta final das eleições de São Paulo, Pablo Marçal centra sua guerra eleitoreira contra Guilherme Boulos na "acusação" de teor moralizante de uso/vício em cocaína. É lastimável o desserviço que a estratégia de baixo nível de Pablo Marçal está fazendo em relação a um dos mais problemas de saúde pública, a adicção. Não fosse a cocaína, seria a maconha; não fosse a maconha, seria o álcool. Não me interessa a questão partidária: se eu estivesse interessado na questão, estaria profundamente decepcionado com o próprio Boulos, que, para não perder votos, precisa jogar o jogo dos ratos, corroborando com o preconceito contra a adicção em todos os seus esforços de mostrar que não usa cocaína, que provou maconha adolescente e que, por uma terrível dor de cabeça, ficou provado ser imune às drogas. Só faltou falar que só bebe fanta-laranja. No final das contas, ganha a psicofobia em relação à adicção. O que está em jogo, nessa baixaria, é a compreensão do vício como um problema moral, quando, antes, o problema é de saúde pública. Toda a luta empreendida pela conscientização em relação a esse importantíssimo problema de saúde mental (do qual eu mesmo sou uma vítima em recuperação) se perde em meio a essa baixeza.
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Anastasia Shuraeva (Pexels)